11.06.2008

Era bom mas acabou-se

Encerraram as únicas salas da ilha onde iam aparecendo filmes de qualidade. O problema nem é local, porque o cinema está em crise. Os estúdios já vão contando mais com lucros de comercialização de DVD's e merchandizing do que com receitas de bilheteira.
Ver filmes em casa tem todas as comodidades e zero de mística. Carregamos no play quando nos apetece, enroscados no sofá ou estirados na cama, paramos quando queremos, pomos o volume que desejamos... e a mim sucede-me raramente querer esse comodismo todo.
Contam-se pelos dedos de uma mão os DVD's que possuo.
Volta e meia trago uns quantos emprestados que devolvo semanas mais tarde sem ter visionado. Paradoxalmente, vejo alguns que passam na televisão, quando os apanho assim de raspão, a meio do zapping.
Concluo que há coisas em que prefiro não ter o poder, a decisão, o comodismo e a antecipação. Ir ao cinema é um acto social, mesmo que o façamos sozinhos. Há uma hora de começo, um lugar onde sentar, o silêncio a respeitar e não se pode fumar.
Mas é que o mesmo filme não sabe ao mesmo. Eu gosto do sabor que me fica em grande ecrã. Não há plasma, LCD, HD, 16:9 que me convençam.
Agora tenho de me deixar de manias. Argh...

8 comentários:

Maria das Mercês disse...

Pessoal, não se desespera, o cinema de qualidade vai continuar no Solmar mas... mais espacejado!!! Brevemente virá um ciclo!

Su disse...

Bem sei, querida.
Mas independentemente da forma como se coloque a questão, é o fim de uma era. E como dizia a Renata ontem, eu também detesto despedidas.
Estou triste, que queres?
E mando vir à vontade no meu canto, porque o sei resguardado.
Cá estaremos a aguardar os ciclos, para tirar barriga de misérias!

Fiat Lux disse...

Uma pena realmente.
Venham os ciclos.
Mas já falhei o primeiro :(

Renata Correia Botelho disse...

Maria, é verdade que os ciclos hão-de ir amenizando o vazio que o encerramento do Cine Solmar me (nos) deixa, mas não há nada como poder decidir se se quer ir ver o filme hoje ou amanhã. E, mais do que isso, não há nada que substitua o conforto de se poder ir ver hoje o filme, e amanhã também. E depois de amanhã, se houver hipótese ou se algum amigo nos desafiar. Até sentirmos o filme tão nosso que quase passamos para o outro lado do ecrã. Não há ciclo que compense (ainda que apazigue, repito) o fim deste ciclo.

Su disse...

Renata, querida babe... é isso mesmo tal e qual!

Fiat, eu também só consegui ir ver o último do fantas. Isto de se ter uma só oportunidade para ver cada filme e logo 7 de empreitada leva a que se perca a maioria...

Maria das Mercês disse...

Têm toda a razão... tenho tentado superar a minha tristeza com pensamentos de esperança para o próximo ciclo. O vazio de não promover o cinema todas as semanas, como já faço há tanto tempo, não tem sido fácil de preencher. É o fim de uma era, realmente. Abraço!

Basilisco Enfatizado disse...

Acho que sim em absoluto , mas tambem acho que não categoricamente.Eu pessoalmente adiro mais à cena de: orar, clamar, rezar...naquela do vamos espiritualizar por aí.Mas se for um filme negro dos fiftyes,sou capaz e homem para tomar a minha 1/2 batida de coco e um chá de tília em menos de duas horas.E quiça não arranjo tomates para convidar 1,50 de mulher.Mas agora a sério, compreendo e mostro-me solidário com o encerramento dos "sonoros", mas cada vez mais, gosto "mais", de ver cinema em casa.Repleta de velas com a minha gata de olhos semi-serrados, como quem astutamente aprecia cada frame, cada take.Para além disso pode-se beber um Belvenie e fumar o que o espírito solicitar. Só não há pipocas. Assim evitam-se, também, contactos nem sempre saudaveis com aqueles que acham que o Matrix é um filme idóneo. No que respeita a esta matéria poder-se-á considerar o bilhete pago para qualquer sala durante um ano , o que nos tempos que correm não é desprezivel.Todavia , parece-me continuar a faltar qualquer coisa .Mas eu vou descobrir. Eu e a gata Preta.

Su disse...

Caro Paulo “Basilisco”, entre o sim absoluto e o não categórico ficas na reza?! “Espiritualizar por aí” é bem. Faz-me lembrar o “surrealizar por aí”, very 80´s!
Quanto a um filmezito negro fifty deixa lá ver o que nos reservam os ciclos que aí vêm. Era uma excelente ideia essa. Ou um clássico do Ed Wood, na senda do “fantástico-rudimentar”.
By the way, sou fã incondicional dos vários Matrix (neste caso, fantastic-ultra-concept-mega-high-tech-visual-effect), não percebo pk não hão-de ser idóneos…