1.26.2009

the love pill?

Intriga-me a quantidade de estudos sobre a "química do amor", que buscam os mecanismos bioquímicos que determinam os diversos estágios do amor.
Parece-me altamente provável que certos acontecimentos possam ser predeterminados pelos níveis hormonais, por exemplo. E que a sensação de "borboletas na barriga" tenha explicação científica, não obstante ser uma experiência transcendente, que põe o mais céptico a pensar em setas com coraçõezinhos. Mas fiquei a matutar sobre este artigo na Nature, que abre portas à possibilidade de se desenvolverem fármacos capazes de provocar sentimentos de amor ou desamor.

Mais do na sua viabilidade, fiquei a pensar nas consequências que poderiam advir. Assim de repente, a haver um comprimido aprovado pela FDA para curar males de amor, trato já da receita porque é maleita crónica de que padeço. Por outro lado, áqueles meus amigos tão compatíveis, só me apetece pôr-lhes qualquer coisa no chá a ver se dá faísca. O Sto. António também agradeceria uma folga das promessas das beatas e as bruxas podiam-se dedicar a causas ambientais, sabem os Deuses que precisamos de toda a ajuda que conseguirmos...

Concedo que a existência de um elíxir do amor poderia facilitar muitas coisas. Melhor do que a Prozac, seria ter o povo todo apaixonado, isso é que fazia um país feliz!

Já o inverso seria desastroso. Sofrer por amor faz crescer, é parte integrante no processo de auto-conhecimento e de amadurecimento emocional. Resolver as rejeições com um comprimido, em poucas gerações nos levaria de volta às cavernas. Somos hoje formatados para a gratificação imediata, para o entorpecimento crítico, para a futilidade inebriante, para a massificação consumista, balizados pela cadência frenética dos dias que se sucedem. Quando, se não na fossa, nos paramos a questionar? Quem somos, da importância do que fazemos, do que sonhamos, para onde desejamos ir e com quem. Ali, com o coração desfeito, se abre uma imagem da nossa essência humana, sem bengalas e despida das costumeiras máscaras. Perde-se esse pudor e a compostura, na solidão árida que é a descoberta da nossa gema.
Venham as panaceias de oxitocina, serotonina, dopamina mais os feromônios, não tarda seremos robots. Comodamente felizes e mimados.
Desconhecedores de nós próprios.

conversa de comadres

Querida Sara,
dúvidas houvesse, prova-se que ainda hoje como há uns anos...



Esta segue, recheada de beijos, dedicada às miúdas mais giras da Lapa

1.22.2009

coisas boas de sair do nosso canto


Tinha saudades de andar de comboio. Há lá meio de transporte mais simpático e propício à melancolia? Por estes dias de frio e chuva, as carruagens são quentinhas e grossas gotas escorrem pelas vidraças, convidando à observação do meio lá fora e à reflexão interior.
O comboio é terapêutico. Ainda por cima é barato e anda a horas.

1.12.2009

Norberto Lobo | Arco 8

16 Jan | 23H
imagem via Açores 2010

a precisar de adocicar...

Sweet hard voice, sweet words well spoken, sweet, sweet video, "sweet baby, life's crazy"!


1.09.2009

esta gente é tola ou faz-se?

Não deixa de me surpreender esta administração Bush que, mesmo a queimar os últimos cartuxos antes de dar de frosques, tomou uma posição caricata no conselho europeu: foi a única nação a abster-se na votação de uma resolução exigindo o imediato cessar-fogo em Gaza! Pior, na declaração de voto, a Condoleezza afirmou que, apesar de concordarem da mesma, preferiam esperar pelos resultados das negociações conduzidas pelo Egipto, mas que eram da opinião que a resolução devia ser aprovada...
Não percebo nada de diplomacia, mas que raio de posição é esta? A gente concorda, mas abstem-se, e vocês é que devem aprovar isto??? Não vejo o dia em que esta gente largue o poleiro! Whatever, faltam só 11 dias...

1.08.2009

sobre o conflito israelo-palestiniano (II)

Já mais velha, percebi a ligação entre Israel e a religião Judaica. Infelizmente essa assunção coincidiu com outra guerra e muitos mortos. A ideia que passava é que Israel atacava e colonizava territórios limítrofes. Aparecia um senhor de lenço caricato na cabeça, uma data de vezes, a “pedir a retirada dos colonatos”. Como era possível, em poucas décadas, passarem de vítimas a vilões?
Quis o acaso que conversasse sobre este assunto sempre com pessoas de esquerda, não muito informadas sobre as raízes históricas da questão. Amadureci preconceitos e dei por mim com um “antipatia de estimação” aos israelitas. Não lhes perdoava, acima de tudo, a fraca memória e o pouco respeito que as suas atitudes demonstravam pelo horror do holocausto. Pior, este sentimento era mais ou menos transversal a quase todos os que conhecia. Devia ser, por isso, legítimo e como tal eu tinha razão, até porque escolhia o lado dos mais fracos e pobres.

Acontece que os palestinianos, qual David contra Golias, faziam a mossa que conseguiam, recorrendo, por exemplo, a atentados bombistas perpetrados por radicais. Israel, país rico e fortemente armado, respondia (e responde) como um elefante pousando em nenúfares. Será legítima a sua defesa? Seguramente. Será desproporcionada? Aparentemente sim, se contabilizarmos o número de mortes sofridos por ambas as partes e observarmos o enorme desequilíbrio de meios ao dispor.

1.07.2009

sobre o conflito israelo-palestiniano (I)

Tenho estado pouco activa por aqui. A razão é que para postar algo, é incontornável que seja sobre o conflito israelo-palestiniano, porque outra coisa não me sai.
E sei de ante-mão que vou ser facciosa, por melhor que tente e isso aflige-me. No entanto, não é correcto da minha parte andar a comentar noutros sítios e na minha “casa” nada dizer. Acresce que, exactamente por isso, esta noite fui presenteada com uma série de interessantes comentários anónimos (eu tou-te a ver, mas tá bem...) que caem em post inusitado por não haver outro adequado.
Esta situação será corrigida ao longo dos próximos dias, com uma sucessão de posts sobre o tema. Aos que desgostarem do facto, lamento a obsessão. Aviso que rebusco fundo na minha infância, tentando perceber, para expurgar, vários preconceitos que adquiri e que percebo falaciosos. Como é saudável nestas situações, são bem-vindas críticas e correcções.

Teria uns 7 ou 8 anos de idade quando perguntei a razão porque Israel concorria ao concurso Eurovisão da Canção. Responderam-me que Israel não era um país europeu, mas que os israelitas eram ocidentais porque muitos deles haviam nascido na Europa e porque tinham um modo de vida em nada semelhante com a zona do globo onde se encontravam. Conclui que na falta de amigos eles vinham brincar para a Europa. Não sendo propriamente rigoroso em termos geográficos, era compreensível, mas aborreci-me quando ganharam porque a canção era péssima.

Poucos anos depois recebo pelo Natal o “Diário de Anne Frank”. Emocionada com a história, com a coragem de uma menina da minha idade e inconsolável por ela morrer, tratei de saber o que tinha sido isto dos campos de concentração. Na escola estudávamos a guerra, mas o que li nas enciclopédias vincou-me que os Judeus tinham sido injustamente torturados e mortos em massa, sem razão que entendesse. Não me perguntei o que era feito dos sobreviventes. Não realizei nenhuma relação com Israel. Apenas tinham toda a minha solidariedade.

1.05.2009

humm... delicioso

Sonar Kollektiv - Held Him First (Live @ Tape Club. 2007)