2.26.2008

cinemeu



Ontem fui ver o Sweeney Todd, mais recente obra da dupla Tim Burton/Johnny Depp, de quem sou fã incondicional, em parelha ou a solo. Confesso que não sou muito dada a musicais, pelo que acho que a narrativa podia ser mais falada e menos cantada na primeira parte do filme. Mas Depp surpreende pela sua bela voz, a juntar ao naipe de grandes atributos deste óptimo actor. A caracterização é 5* e a atmosfera do filme pesada, escura, densa e lindíssima. A segunda parte traz consigo a matança, muito sumo de tomate, apresentado de forma mais plástica que verosímil. O argumento é implacável e não deixa ao espectador qualquer paliativo no final, é assim mesmo, um filme negro. Um GRANDE filme, na minha opinião, imperdível.
Nota negativa para a confusão que é ir às salas Castello Lopes. Sou teimosamente leal ao Cine Solmar e com razão. A esta gente, que mais quer vender é pipocas, junta-se uma fauna pouco disciplinada, que se senta onde apetece, apesar de terem nas suas mãozinhas bilhetes com lugar marcado. Supostamente, pois uma vez que não há controlo na entrada da sala, é possível entrar à borla... Lá está, a pipoca é que é negócio! O pobre funcionário que apareceu para resolver a situação dos lugares, coitadinho, nem sequer tinha uma lanterna. Argh, é precisa pachorra!

2.25.2008

2.24.2008

e outra coisa tão boa, tão boa...

Aquela que considero, ainda, a melhor música de uma das minhas bandas de eleição. Foi logo no primeiro albúm, em 1991. O video não se fica atrás, filmado num único e contínuo shot.

Massive Attack - Unfinished Sympathy



E um grande xi-coração ao meu migo Fred, que sabe bem do que eu gosto e mandou o link!! É mesmo bom ter amigos que nos conhecem assim...

outro domingo...melhor...melhor!

Já Domingo outra vez? Esta semana voou e a verdade é que bem pedi aos santinhos que chegasse a Sábado, que já não podia... Há semanas que precisava de um clone meu. Duas de mim dariam bem conta do recado, uma só é que teso. Mas lá se passou e agora entramos, espero, nos eixos novamente. Que é uma forma de expressão, que são eixos de muita cilindrada, mas se assim fôr já não peço mais nada aos santinhos.
E é Domingo, outra vez. E neste Domingo não me apeteceu nada folgar de mim. Foi, aliás, um dia muito bem passado, na companhia inesperada de dois amigos do continente. Para ser mais precisa, um amigo que há muitos anos não via e um amigo dele. Diz que amigo do meu amigo, meu amigo é e assim foi. Três amigos, portanto, às volta pela ilha. Eu inchada de orgulho das maravilhas naturais que me enchem a alma e encantaram os visitantes, lá fui fazendo de guia turística. E respondendo a perguntas, daquelas inteligentes, que alguém faz quando quer saber mesmo sobre a vida num sítio.
Foi um Domingo bem passado, que nem soube a domingo. Envergonho-me de assumir que é uma pena ficar à espera de visitas para mergulhar nas paisagens que tanto amo. Que reafirmam a cada olhar que esta é a minha casa. "Home is where the heart is", and my heart is here. To stay.

2.21.2008

quando o céu nos cai em cima da cabeça

Diz-se que depois da tempestade sempre vem a bonança. Por vezes há tempestades, verdadeiros katrinas, a pairar só em cima das nossas cabeças. Quem connosco se cruza, distraidamente, não descortina a nuvem ameaçadora, nem imagina as rajadas que nos sacodem os pensamentos, as enxurradas que quase nos levam a alma e as trovoadas direccionadas à espinha, que provocam curto-circuitos. Não há protecção civil que nos valha. Evitamos emitir alertas laranja para não lançar o pânico. Sobretudo em nós próprios. Quem pode, procura um abrigo, refugia-se com um kit de sobrevivência e fica a pensar na vida, no que pode fazer para, da próxima vez, estar mais bem preparado ou mesmo evitar a frequência das catástrofes. Os outros, geralmente em bando, rezam ou bebem ou lançam impropérios, acompanhados de perdigotos, maldizendo um outro alguém qualquer, sumariamente declarado culpado. Esperam que passe. Frequentemente isso não chega a acontecer e então vivem assim, em permanente tormenta, debaixo de chuva, enregelados até aos ossos, incapacitados de entrever um raio de sol.
Quem nos pode dar uma mão, durante a tempestade, são as corporações de Amigos Voluntários. Destemidos e valentes, vêm até nós, negligenciando o próprio bem-estar, para alívio do nosso sofrimento. Dão-nos os primeiros socorros. Põem-nos uma coberta sobre os ombros e dizem que tudo vai ficar bem. E vão dando uma ajuda na limpeza que o caos das cheias de lágrimas provocou. Asseguram que é reposta a electricidade no nosso cérebro. Se for caso de necessidade, tratam que apoio médico venha a caminho. Não andam com luzes de emergência no carro, mas deviam poder. Somos uns privilegiados se pudermos contar com apoio de algum. Salvam-nos de nós mesmos. Um dia destes homenageio cada um dos meus amigos com uma medalha de louvor. Porque são raros. Não são pagos. São uns heróis.

2.18.2008

Palavras sábias de um arquitecto

Excertos da entrevista a José Mateus publicada na + arquitectura deste mês.

A arquitectura é uma profissão extraordinária porque nos permite desenhar algo que passa a pertencer ao imaginário e cultura colectivos. Essa nossa capacidade de deixar marcas profundas, claras – por vezes perversas...- na sociedade da qual fazemos parte é um privilégio superior. Um privilégio e uma grande responsabilidade.

Para mim, tão importante como o desenho é a ferramenta da pergunta, da dúvida, do saber ver e do saber não ter preconceitos. Quando desenhamos muito bem, pode até tornar-se traiçoeiro. Uma imagem com grande poder de sedução pode exercer um fascínio que nos inibe a capacidade de abdicar dela e passar a outra experiência. Paradoxalmente, o desenho pode chegar a ser contraproducente.

Na ARX não temos, nem nos interessa de todo, uma arquitectura que siga uma lógica muito contínua. Interessa-nos, em cada projecto, tirar imenso prazer de todo o processo, experimentar, fazer algo tão estimulante quanto a nossa capacidade nos permita atingir.

Vivemos um tempo de mudanças a um ritmo vertiginoso. Vivemos o tempo da mobilidade, da fragmentação e da comunicação. Se recuarmos ao período do Barroco, ou do Renascimento, os códigos de composição eram claros, estabelecidos e o desafio do arquitecto passava muito por saber manejar esses códigos. Hoje cada arquitecto tem de formular os seus códigos. Têm de sair das suas “entranhas” e têm de ser pessoais.
(...) Diria que vivemos num tempo quase de caos e de uma espécie de babel de códigos de composição arquitectónica. Abre-se um espaço de grande liberdade que significa também grandes dificuldades.

(A matéria) é um dos vocábulos possíveis para compor o meu texto que é a arquitectura.


O arquitecto deve pensar. Sobre as coisas, a vida, as pessoas e o mundo. José Mateus fá-lo de forma exemplar, num discurso límpido e lúcido como poucos. Coerente nas suas falas e nos seus projectos, recusa repetir as metodologias de sucesso que alcança. Verifico, com espanto, que cada coisa que faz é melhor e sempre diferente, da anterior. A contínua curiosidade, espírito de descoberta e inconformismo fazem a arquitectura andar em frente. E o mundo também. Este homem é um mestre e eu bebi destas suas palavras, que sede que tinha! Ficam aqui, guardadas no meu canto, para vir até elas sempre que me apetecer acomodar.

não me canso de ouvir isto...

Sinto-me compreendida por esta música. Sei que é uma constatação idiota. Mas hoje é a banda sonora da minha alma. Para ouvir em repeat...

Royksopp - Sparks

2.17.2008

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Photo by Ian Britton

hoje não foi um bom dia...

Ao contrário de ontem. O dia de ontem é que foi bom. Obrigada, Nuno, pela partilha dos teus conhecimentos sábios. Por teres conseguido pôr uma data de estranhos à vontade, contigo, consigo próprios e com com os outros. Há muito que não sentia estar numa sala com tantas pessoas que valem mesmo a pena ouvir. E não consegui apanhar a segunda dose. O que tornou logo o dia de hoje, um dia mau. E depois é Domingo e os domingos são dias de neura, então quando chove. Li, há algum tempo, "há dias em que vivia tão bem sem mim". Não me lembro onde foi, mas identifiquei-me logo. E os domingos, por excelência, são dias em que costumo não ter paciência para mim. Não é pela antecipação dos dias ditos úteis de trabalho, não é por ser o primeiro, ou o último, dia da semana. Simplesmente é Domingo. Costumeiro dia de folga. Se calhar, aos Domingos, apetecia-me ter folga de mim mesma. É que ser optimista cansa, lutar sozinha cansa, conseguir preservar-me sem ostracizar os outros cansa. Viver, de um modo geral, da forma como eu acredito que deve ser feito, pode ser um exercício deveras esgotante.
Folgar ao Domingo. Isso é que era.

2.14.2008

Isto é k é bom... e vem cá!

De vez em quando há realmente boas notícias. Lou Rhodes (Lamb) vai trazer até nós a sua voz belíssima. É no Teatro Micaelense a 22 de Março. Fica aqui registado, mais não seja, para eu não me esquecer. Esta pérola a aterrar aqui no meio do oceano, só espero que não seja caso para dizer, depois, que foram pérolas a porcos. Porque uma voz assim merece casa cheia.

Lou Rhodes - Tremble

não descansava enquanto não tivesse um blog!

Isto dos blogs é como coçar, quando se começa...
Aterrei na blogoesfera assim aos tropeções, sem saber bem como, numa iniciativa conjunta. Daí a querer ter um cantinho só meu foi um instante. Nem sei bem porquê ou para quê. Mas comecei a ser assaltada por ideias frequentes seguidas de "epá, agora se tivesse um blog punha lá isto!". Ele era uma música, uma citação, um pensamento, uma imagem ou, mais frequente ainda, algo completamente idiota, fruto de geração espontânea de um neurónio meu ou de outrém. É que andem coisas por aí, ditas, escritas ou a pairar, verdadeiramente dignas de nota. Para anotar no meu canto, note-se. Para meu encanto ou desencanto e de quem cá vier ao encontro. Por encontrão, seguramente. Eu aqui no meu canto só não canto. Porque canto mesmo mal, canto ainda pior do que penso. E não é que pense bem. Tem dias... como se verá.