2.21.2008

quando o céu nos cai em cima da cabeça

Diz-se que depois da tempestade sempre vem a bonança. Por vezes há tempestades, verdadeiros katrinas, a pairar só em cima das nossas cabeças. Quem connosco se cruza, distraidamente, não descortina a nuvem ameaçadora, nem imagina as rajadas que nos sacodem os pensamentos, as enxurradas que quase nos levam a alma e as trovoadas direccionadas à espinha, que provocam curto-circuitos. Não há protecção civil que nos valha. Evitamos emitir alertas laranja para não lançar o pânico. Sobretudo em nós próprios. Quem pode, procura um abrigo, refugia-se com um kit de sobrevivência e fica a pensar na vida, no que pode fazer para, da próxima vez, estar mais bem preparado ou mesmo evitar a frequência das catástrofes. Os outros, geralmente em bando, rezam ou bebem ou lançam impropérios, acompanhados de perdigotos, maldizendo um outro alguém qualquer, sumariamente declarado culpado. Esperam que passe. Frequentemente isso não chega a acontecer e então vivem assim, em permanente tormenta, debaixo de chuva, enregelados até aos ossos, incapacitados de entrever um raio de sol.
Quem nos pode dar uma mão, durante a tempestade, são as corporações de Amigos Voluntários. Destemidos e valentes, vêm até nós, negligenciando o próprio bem-estar, para alívio do nosso sofrimento. Dão-nos os primeiros socorros. Põem-nos uma coberta sobre os ombros e dizem que tudo vai ficar bem. E vão dando uma ajuda na limpeza que o caos das cheias de lágrimas provocou. Asseguram que é reposta a electricidade no nosso cérebro. Se for caso de necessidade, tratam que apoio médico venha a caminho. Não andam com luzes de emergência no carro, mas deviam poder. Somos uns privilegiados se pudermos contar com apoio de algum. Salvam-nos de nós mesmos. Um dia destes homenageio cada um dos meus amigos com uma medalha de louvor. Porque são raros. Não são pagos. São uns heróis.

2 comentários:

Maria das Mercês disse...

Eu sou associada vitalícia, voluntária, honorífica e muito honrada!

leonor disse...

me too, me too...