3.03.2008

marcha lenta



Que responder à pergunta “então como estás?”. Tenho a quem, educada, respondo maquinalmente “bem, muito obrigado” ou variante. Mas volta e meia quem me interroga quer mesmo saber como me sinto. E não sei que dizer. Os amigos são poucos e para poupar, remeto-me a um “estou bem, estou bem” ao qual não consigo acrescentar entusiasmo. O entusiasmo esse, tem andado frequentemente fora da ordem do dia. Dos dias. Que se fundem e confundem, dia, noite, terça, quinta. Ando com a alma às avessas. Ando fugida, como o diabo da cruz, do peso do meu mundo pequenino, que me persegue tentando empoleirar-se-me nos ombros. Não consigo ver a metade cheia do copo, nem sede tenho. Estou a secar. E andei tanto para aqui chegar, finalmente liberta de paixões compulsivas, para descobrir, afinal, que é isso que me move, que despida sucumbo à inércia? Cada passo pesa mais e estatelo-me. Forço-me a levantar sempre, uma e outra vez. Em frente, camarada, em frente!

2 comentários:

leonor disse...

Susana,.................
O que eu não digo aqui, adivinha. Não se perde tudo: como um célebre poeta brasileiro respondeu uma vez a um entrevistador que lhe perguntou porque tinha estado 10 anos sem escrever: "Porque nesses anos fui feliz".
Andas a escrever lindamente! E hás-de voltar a escrever MUITO MAL ou NADA DE NADA! Mas enquanto isso dura, alegra-te por nada teres a expiar.
Beijo grande.

Maria das Mercês disse...

Nas nossas conversas, a 2, a 3, a 4... fica sempre muito por dizer nas palavras: o quanto de apreciamos, a tua força, a tua lucidez; o quanto te queremos, com ou sem neuras, rindo ou séria; o quanto estamos sempre aqui, mesmo nos dias em que é mais difícil e não o dizemos.
Beijos